quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Homilia de Encerramento da Missão para a Nova Evangelização

Decorreu no passado dia 8 de Janeiro do corrente ano a celebração de "Encerramento da Missão para a Nova Evangelização", presidida pelo Sua Exa. o Bispo Diocesano da Guarda - D. Manuel Felício e que contou com a presença dos sacerdotes, diáconos e a grande representação do povo cristão do Arciprestado de Trancoso.
Publica-se aqui a homilia de V/Exa. o Bispo Diocesano da Guarda - D. Manuel Felício.

"8-1-2012

Epifania do Senhor

Celebração arciprestal em Trancoso na Missão para a Nova Evangelização

1. Celebramos hoje a Festa da Epifania. Com esta festa professamos a nossa certeza de que aquele Menino nascido em Belém é realmente o Salvador do Mundo inteiro. Nele convergem por um lado os esforços de todos os seres humanos na procura da resposta à pergunta fundamental que é a seguinte – quem nos libertará das muitas situações incómodas que todos os dias nos afligem e mais ainda quem dará completa resposta ao desejo de vida e felicidade sem limites que habita no nosso coração? Por outro lado, o mesmo Menino é também a expressão mais acabada da iniciativa de Deus, que se põe a caminho para vir ao nosso encontro. Isto mesmo o dizia Bento XVI, na Festa da Epifania celebrada no Vaticano há dois dias, ao sublinhar, por um lado o gesto da procura do Salvador expresso nos Magos vindos do Oriente e por outro o gesto de Deus que, na simplicidade e fragilidade de uma criança coloca o seu coração amoroso ao alcance de todos.
2. O Evangelho de S. Mateus põe diante de nós o episódio que identifica esta festa, ou seja, a vinda de uns Magos do Oriente guiados por uma estrela ao encontro do Salvador nascido em Belém. Mais importante do que conhecer os seus nomes e mesmo o seu número, é reconhecermos o que eles representam, ou seja a procura de um Salvador que possa realmente salvar as pessoas e a humanidade como tal. E quando este Salvador é encontrado, novos caminhos se abrem, como aconteceu com estes magos que regressam à sua terra por outros caminhos, como diz S. Mateus. Jesus é, de facto, a luz verdadeira que ilumina todo o homem que vem a este mundo. Hoje a Igreja constituída por todos os baptizados é quem tem a responsabilidade de oferecer essa luz a toda a Humanidade, qual nova Jerusalém onde brilha a luz de Deus num mundo em trevas, como refere Isaías. E, de facto, aqui radica a responsabilidade missionária da Igreja, como de todos e cada um dos seus membros. De facto, todos e cada um de nós, pelo Baptismo somos discípulos de um grande Mestre e simultaneamente missionários dele e da sua Mensagem.
3. Foi para despertarmos para esta responsabilidade missionária que acabámos de receber a ajuda externa de um grupo de sacerdotes missionários. Eles não vieram para nos substituir no esforço por acolher a luz de Cristo e a partilhar com aqueles e aquelas que vivem hoje connosco a aventura da vida na história. Eles vieram para nos lembrar essa responsabilidade missionária e nos ajudar a discernir os caminhos pelos quais nós hoje havemos de saber exercê-la para bem das pessoas e da sociedade. E, para sermos realmente discípulos missionários, na nossa relação com Cristo e na vivência da Fé em comunidade cristã como também na relação com o mundo, precisamos de lembrar o seguinte:
1º) Que todos os cristãos praticantes da missa do domingo não podem descurar o esforço para conhecerem mais a pessoa de Cristo e aprofundarem a sua relação com Ele, na condição de ressuscitado e vivo;
2º)Que os praticantes não habituais têm de descobrir que a nossa Fé não pode ser entendida como qualquer coisa que se conserva na gaveta e se vai buscar só quando me convém;
3º) Que os afastados da prática da Fé e esquecidos do seu Baptismo recebido há mais ou menos tempo precisam de ser ajudados a redescobrir que, sem a luz e o conforto de Deus, a nossa vida torna-se um peso insuportável.
E agora vem-nos a seguinte pergunta espontânea – então como posso ser discípulo missionário compro­metido com Cristo e com a Igreja no serviço à sociedade? A resposta tem ser faseada e distribuída por um itinerário que percorre as seguintes etapas:

1º) Precisa cada um de esclarecer e aprofundar mais a sua relação e o seu compromisso com Cristo vivo, através do acolhimento da sua Palavra;
2º) Depois, precisamos todos de nos dispor a fazer tudo para renovar e revitalizar as nossas comunidades cristãs paroquiais;
3º)colocando a preocupação por fazer o encontro com a Palavra de Deus no seu centro;
4º) Pelo esforço constante de fazer comunidade com todos, através do acolhimento, do conhecimento e da preocupação permanente com os que possam passar por alguma necessidade;
5º) Pelo esforço conjunto que desejamos intensificar para ajudar todas as famílias das nossas comunidades cristãs a serem verdadeiras Igrejas domésticas, verdadeiras escolas de vida e dos valores essenciais ao exercício da cidadania, como é o diálogo entre gerações e a participação activa na vida das comunidades.
6º) Por uma especial atenção aos jovens que, em maior ou menos número, estão nas nossas comunidades.

E com estas atitudes não queremos só fortalecer a esperança das nossas comunidades cristãs, mas queremos sobretudo levar essa esperança à chamada vida civil dos nossos ambientes locais. Há muitas pessoas que sofrem a incerteza do futuro próximo e passam pela tentação de emigrar, o que muitas vezes não lhes resolve nada e só complica a sua vida e das suas famílias. Queremos, por força da nossa fé, acompanhar todas as pessoas que passam por incertezas e dificuldades, ajudando-as a encontrar caminhos de esperança, caminhos que possam contribuir para sustentabilidade e afirmação dos valores próprios dos nossos ambientes e que são importantes para o conjunto da sociedade.

Uma certeza de fundo nos acompanha em todo o esforço missionário que queremos fazer para iluminar com a luz da Fé a vida das pessoas e dos ambientes em que vivemos. Essa certeza é a seguinte: Deus não nos abandona e a nossa vida não se resume ao bem estar material. Por isso, alguma contenção no consumo temos de a saber introduzir nos nossos hábitos. Por outro lado, o mesmo Deus quer continuar a contar com a nossa colaboração activa, pelo trabalho consciente e responsável, para ajudarmos a definir os novos caminhos de sustentabilidade que a sociedade em geral precisa, incluindo os nossos ambientes, de facto mais desprotegidos e em processo de relativo abandono.

Que Deus nos ajude a sabermos assumir as nossas responsabilidades de cidadãos e de cristãos na hora actual.

Horário da Catequese 2020/2021

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