quinta-feira, 16 de abril de 2020

Orientações para a catequese 

Caro Catequista e Amigo, 
A Paz, 
Neste Tempo de Anúncio especial da Ressurreição de Jesus saúdo-vos de forma especialmente reconhecida e agradecida pelo trabalho e acompanhamento que, seguramente, continuais a realizar junto dos vossos catequizados. 

É com natural empenho que todos e cada um se procura adaptar à realidade que nos circundeia, conscientes dos enormes desafios que ela nos coloca. A resposta que cada um de nós procurará encontrar será sempre adequada à especificidade própria do meio em que se insere, com as particularidades pastorais que ele comporta, num diálogo permanente com o pároco e o restante grupo de catequistas. Graças a Deus as novas tecnologias permitem-nos ultrapassar, em certa medida, o necessário confinamento em que nos encontramos. 

Não podemos, contudo, perder de vista a necessária comunhão que continuamos a ser desafiados a construir nesta Igreja doméstica que queremos edificar em cada casa, não a podendo deixar resvalar para Igreja paralela. 

Neste sentido o SNEC, em articulação com os Departamentos Diocesanos de Catequese e em colaboração com o Setor da Catequese do Patriarcado de Lisboa, por proximidade logística e disponibilidade de meios do mesmo, disponibiliza alguns recursos em vídeos que podem ser proveitosos para a continuidade do acompanhamento catequético das nossas crianças e adolescentes. 

Estes vídeos não pretendem substituir  as dinâmicas de relação do catequista com o grupo e as famílias, antes as supõem e estimulam. Cada catequista encontrará  a arte e o engenho adequados para fazer acontecer, semanalmente, o ENCONTRO com cada catequizando, com o  grupo e com as famílias.
São estas as propostas de contributos para a vivência da Catequese da Infância e da Adolescência neste tempo pascal.

I. Catequese da Adolescência - Projeto Say yes 
Semanalmente serão emitidos 7 programas televisivos Ecclesia (Fé dos Homens)  com os encontros de catequese da Etapa 5 - Denver 1993. Os conteúdos da Etapa estão distribuídos em cada programa conforme a grelha do documento anexo.
Para facilitar o acesso ao material, tanto o Diário de Bordo, como o Diário de Bordo Catequistas, relativos à Etapa 5 estão disponíveis em formato PDF.
Este e o restante material de suporte à Etapa pode ser encontrado em:
http://www.educris.com/v3/centrorecursos/#qualquer/projeto-say-yes/etapa-5/1
Local e horário: RTP2, quarta-feira,15h10.
Duração: 20 minutos.
Posteriormente cada programa fica disponível no canal youtube da Agência Ecclesia (https://www.youtube.com/user/agenciaecclesia) e no EDUCRIS (https://www.youtube.com/user/canaleducris
Os programas têm início na quarta-feira, dia 22, e estendem-se até ao dia 10 de junho.

II. Catequese da Infância ( #catequesemcasa)
Serão disponibilizados vídeos com as catequeses do 3º Bloco de cada um dos catecismos da infância: 
2ª feira - 1º catecismo
3ª feira - 2º catecismo
4ª feira - 3º catecismo
5ª feira - 4º catecismo
6ª feira - 5º catecismo
Sábado - 6º catecismo

As catequeses são dirigidas às crianças que as poderão acompanhar juntamente com a família. Aconselhamos que tenham o catecismo consigo.

Local: canal youtube Educris (https://www.youtube.com/user/canaleducris)
Hora: 18:30
Duração: 20 minutos.
Certos que cada um procurará sempre a melhor forma do Anúncio, do Encontro e da Proximidade, tão necessários neste tempo, disponibilizado-nos, como Departamento para o que se julgar necessário.

Na Alegria de Cristo Ressuscitado, 

P.e Valter Salcedas - Diretor Diocesano da Catequese da Infância e da Adolescência

terça-feira, 14 de abril de 2020

Carta aos Diocesanos da Guarda

Carta aos Diocesanos da Guarda

Estimados amigos e irmãos em Cristo:

Saúdo-vos na alegria da Páscoa que estamos a viver.

Na madrugada da Ressurreição, as mulheres dirigiram-se ao Sepulcro. O corpo não estava lá e o primeiro pensamento foi o seguinte: roubaram-no. Mas foram surpreendidas por outra explicação, vinda daquele jovem vestido de branco e depois confirmada pelo mesmo Jesus que lhes apareceu, com esta ordem: não é tempo de desânimo nem descoroçoamentos. Ide dizer aos meus irmãos que partam para a Galileia, esse lugar onde tudo começou e agora vai continuar, mas de forma nova, pois o horizonte passará a não ser apenas aquele espaço de reduzidas dimensões e muito desconhecido (a Galileia), mas sim o mundo inteiro que, de facto, aguarda a definição de novos rumos (ver Mateus 26, 1-10).

Confiados na mesma Palavra de Jesus, temos a certeza de que também para nós a vida vai continuar, embora com muitas diferenças no futuro próximo. Foi isso o que aconteceu também aos discípulos que, depois da crise, consubstanciada no abandono do Mestre e na notícia escandalosa da Sua morte na cruz, estavam dispostos a deixar o sonho e voltar às anteriores ocupações. Mas, a alegre notícia da Ressurreição e o mandato novo para mudarem de rumo em direcção á Galileia marcaram a diferença.

Nós já vivemos grande parte da Quaresma, a Semana Santa e o Tríduo Pascal, incluindo o Domingo de Páscoa, em casa, sem possibilidade de participarmos juntos em celebrações comunitárias da Fé. E durante mais algum tempo assim vamos continuar.

Mas a fonte da nossa alegria e da nossa esperança, que está no Senhor Ressuscitado, essa queremos preservá-la e fortalecê-la, tudo fazendo para que, nestes tempos difíceis, Ele seja o nosso conforto e razão para não baixarmos os braços.

Estaremos sempre atentos às orientações que nos vão sendo dadas pelos nossos Párocos, podendo contactar com eles para pedirmos alguma orientação e mesmo fazermos as nossas sugestões.

Todavia, estes são tempos para vivermos a Fé em família, que constitui a primeira experiência de Igreja. Por isso lhe chamamos Igreja doméstica. Sobretudo a vivência do domingo em família, com partilha da Palavra de Deus e oração comunitária, a valorização dos símbolos da Fé, que também temos espalhados pelos nossos ambientes familiares, são importantes formas de celebrarmos e aprofundar-mos a Fé. E também não vamos esquecer a catequese, tanto a dos mais pequenos, como igualmente a dos mais crescidos, pois o aprofundamento da experiência da Fé, com todas as suas implicações, quer na vida pessoal e familiar quer nos compromissos sociais, nunca o podemos interromper.

Da nossa Fé deriva o imperativo especial de estarmos atentos aos que mais precisam. E é natural que as atuais condições de pandemia façam aparecer novas necessidades, às quais queremos estar atentos. É preciso que estejamos próximos dos mais necessitados e dos que mais sofrem, procurando responder sobretudo às situações de solidão e abandono. Pode acontecer que, nestas circunstâncias especiais as pessoas mais fragilizadas pela idade ou outras razões exijam o nosso empenho mais directo e precisem que lhe ofereçamos os nossos serviços, mesmo tendo de correr alguns riscos. Se tal acontecer, tenhamos a certeza de que é o Senhor a convidar-nos para não passarmos ao lado, diante do irmão estendido à beira do caminho. Não queiramos seguir o exemplo do sacerdote e do levita, mas assumir corajosamente a atitude do bom samaritano, que soube parar e cuidar (ver parábola do Bom Samaritano, Lucas 10, 30-37).

Respeitando as orientações de contenção quanto a sair de casa e nas relações sociais, sem deixarmos de utilizar os meios necessários para não perdermos o contacto com as pessoas, como sejam o telefone e outros, vamos procurar que a Fé no Senhor Ressuscitado seja a força que nos motiva para o serviço que nos for pedido, sem descurarmos os que estão mais perto de nós, a começar pelo espaço das nossas famílias.

Este tempo de paragem forçada também pode ajudar-nos a ver como é que as nossas comunidades hão-se saber reorganizar-se para conseguirem melhores resultados na vivência da Fé e nos seus efeitos quer para dentro quer para fora da Igreja.

Pensando, em primeiro lugar, para dentro da Igreja e da vida das nossas comunidades, temos de saber tirar algumas conclusões, a partir dos constrangimentos a que estamos obrigados neste tempo especial. Sem celebrações comunitárias, sobretudo as assembleias dominicais, sem festas, sem as reuniões e os encontros habituais nas nossas paróquias, a começar pela catequese, vivemos a Fé, agora, em situação especialíssima, que também pode ser oportunidade de alguma purificação. E dessa purificação faz parte aceitarmos que sejam revistos o número, os locais e os destinatários das nossas celebrações dominicais; as formas como organizamos as nossas festas de padroeiros e  santos populares; e as iniciativas novas que precisamos de tomar para que a formação na Fé seja sempre a grande prioridade da nossa acção pastoral, assim como as propostas de evangelização que dela derivam.

Sobretudo temos de saber levar a sério os indicadores que nos vêm dos sinais dos tempos, porque, na realidade, hoje não há condições para fazer tudo o que se fazia há 50 anos. E mesmo  que houvesse, a Fé manda-nos olhar para a frente e não viver do saudosismo do passado. 

A este propósito, o Papa Francisco recomenda-nos: “A pastoral exige o abandono deste cómodo critério pastoral – fez-se sempre assim. Convido todos a serem ousados e criativos nesta tarefa de repensar os objectivos, as estruturas, o estilo e os métodos evangelizadores das respectivas comunidades” (Evangelli Gaudium, 33).

Por isso, com criatividade, procuremos ajudar a inserir e articular sempre mais e melhor os diferentes ministérios com os quais, por Sua graça, o Senhor tem enriquecido as nossas comunidades. E isto de tal maneira que elas vivam não apenas do Pároco e das sus iniciativas, mas cada vez mais da equipa pastoral a que ele preside.

O esforço de reorganização pastoral da Diocese em que continuamos empenhados procura trilhar estes caminhos, mas há ainda um longo percurso a fazer, sobretudo quanto à mudança de mentalidades. Coloquemos esta causa na nossa oração em família.

Por sua vez, o esforço de partilha, que a nossa Fé inspira, não pode parar nestes tempos difíceis. E falamos de partilha para obviar às necessidades das nossas comunidades, principalmente agora  que não há presenças no espaço físico das Igrejas; falamos também de partilha com os serviços paroquiais e outros, que têm a missão de estar atentos aos mais necessitados.

Mas o nosso olhar, nestes tempos de paragem obrigatória, não pode confinar-se ao interior da Igreja. É preciso voltá-lo também para a consideração do que tem de ser a vida da nossa sociedade no futuro novo a que a pandemia nos vai obrigar. Em vez de nos deixarmos surpreender por esse futuro diferente, que obrigatoriamente nos baterá à porta, o melhor é participarmos, quanto de nós depende, na sua definição.

Ora, nós precisamos de uma sociedade onde todos estão mais atentos a todos, privilegiando os mais frágeis. De facto, as fragilidades, seja por razões de idade ou de doença ou de pobreza material ou outras têm de ter prioridade.

Precisamos de caminhar para haver mais equilíbrio nas diferentes situações das pessoas, evitando os extremos da opulência e da miséria. Por sua vez, os recursos que são de todos têm de ser bem geridos, com o pensamento em todos. E esses recursos vão desde o emprego a manter ou a criar ou a distribuir até ao respeito pelas pessoas nas suas situações variadas e pela própria natureza que, de facto, foi criada para ser casa comum, com mesa posta para todos.

Precisamos que as lideranças cultivem a proximidade com todos e cada um, sintam como suas as situações das pessoas e se organizem para não deixar ninguém no isolamento ou no abandono.

Todos temos de estar dispostos a colaborar também com os sacrifícios que o futuro nos vai exigir, atendendo às previsões de recessão global. E dentro desses sacrifícios estará certamente a disposição para consumirmos menos e partilharmos mais.

Que a Páscoa do Senhor Ressuscitado, fonte de alegria e esperança para nós e para o mundo, nos inspire e nos motive para percorrermos, com a necessária determinação, esses novos caminhos, sabendo que todos somos passageiros do mesmo barco.

Votos de continuadas Santas Festas Pascais, aleluia.

13.4.2020

+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

Em tempos de crise (20)- Saber definir prioridades

Em tempos de crise (20)- Saber definir prioridades


O mundo está parado por imposição da pandemia.

A prová-lo está o vazio dos dias de Páscoa que vivemos, tomando como exemplos a Praça e a Basílica de S. Pedro em Roma, o Santo Sepulcro em Jerusalém e o bulício das ruas que lá conduzem, nestes dias sobretudo. Mas são também as ruas desertas  das grandes cidades do mundo e os espaços que nestes dias acolhiam grande número de turistas e estiveram vazios.

Diante deste quadro global, que revela muito sofrimento e alguma desolação, escutamos, de novo, o anúncio da Páscoa a dizer ao mundo que tudo vai começar de novo. Mas esse começo não será repetir o passado.


Na madrugada do terceiro dia depois da morte de Cristo, as mulheres dirigiram-se ao sepulcro. O corpo não estava lá e o primeiro pensa­mento foi- roubaram-no. Mas foram surpreendidas por outra explica­ção vinda daquele jovem vestido de branco e depois confirma­da pelo mesmo Jesus que lhes apareceu, com esta ordem: não é tempo de desânimo nem descoroçoamentos. A vida vai continuar, e na Galileia onde tudo começou. Mas vai continuar agora de forma nova, pois o horizonte passará a não ser apenas aquele espaço de reduzidas dimensões e muito desconhecido, mas sim o mundo inteiro que, de facto, aguarda a definição de novos rumos (ver Mateus 26, 1-10).


Também a nós este tempo de paragem obrigatória está –nos a dizer que temos de saber preparar um novo futuro não apenas para este ou aquele país, só para alguns continentes, mas para todos, pois a pandemia é agora um fenómeno global, de que ninguém se pode considerar imunizado.

Já nos vão dizendo que a recessão económica global que se seguirá vai pedir-nos novos sacrifícios; que também nos vão ser exigidas novas regras de relação social após a pandemia, o que terá  de modificar muitos dos nossos hábitos. Pelo menos, enquanto não for descoberto o remédio eficaz, temos de permanecer muito em alerta e reduzir os nosso contactos. Não sabemos, por isso, quando poderemos voltar a realizar as concentrações e os atos sociais e religiosos que marcavam o ritmo da nossa vida.

Este, a gora, é o tempo de definir as prioridades para o mundo novo que necessariamente aí vem. E alguns indicadores já nos estão a chegar. Assim, os que mais sofrem, incluindo as franjas ainda muito alargadas  de população mergulhada na pobreza e que são transver­sais a todas s sociedades, incluindo as consideradas mais ricas, têm de merecer mais atenção e ser mais bem cuidadas. As sanções impostas por alguns governos a outros governos, quase sempre por razões que nada têm a ver com a vida real das populações que sofrem os sus efeitos, têm de ser revistas. O mesmo se diga das dívidas insolúveis de alguns países. A riqueza tem de ser mais bem distri­buída. E todos temos de nos habituar a consumir menos e a partilhar mais. Tem de crescer a consciência de todos para o facto de que o crescimento económico tem limites e sobretudo quando é consegui­do à custa de abusos, quer sobre o trabalho das pessoas quer sobre os recursos naturais, que não são ilimitados.

A prioridade imediata todos sabemos qual ela é – salvar vidas e dar resposta imediata às necessidades emergentes, sobretudo de bens essenciais, como é o caso da alimentação diária. Impressionaram notícias vindas a público sobre crescente número de pessoas a recorrerem à oferta de alimentos destinados aos sem abrigo e aos que vivem em pobreza extrema. É normal que este fenómeno tenha tendência para crescer. Temos de aprofundar as respostas.

Isso exige de todos nós redobrada atenção e proximidade a cada um, de tal maneira que se crie a consciência de que somos a mesma família ou pelo menos estamos no mesmo barco.

Saudamos os muitos sinais de solidariedade que, felizmente, estão a acontecer nestes tempos especiais e particularmente a dedicada atenção dada aos mais necessitados, a começar pelas vítima da pandemia e suas famílias. Mas temos de continuar a ser criativos para que, em vez de sermos surpreendidos pelo mundo novo que aí vem, possamos participar na sua definição.


13.4.2020


+Manuel R. Felício, Bispo da Guarda

Horário da Catequese 2020/2021

  A ficha de inscrição pode ser obtida  aqui . Depois de preenchida, deve ser entregue às catequistas